8/02/2006

Vírgulas

Estou vencida
Prazo de validade e paciência
Cansei de ser cura
Poesia de bula
Literatura de banheiro
Meu reino por um travesseiro!
Vou despir a pele
Tatuar os rótulos
Prosecco. Veneno. Remédio
Qualquer coisa pra brindar o tédio
Qualquer coisa que me ponha em risco
Uma dose de verdade
Uma taça de saudade
Um coquetel de asterico
Vou me entregar ao texto
Sem pudor
Sem pretexto
Sem ética

Morram, vírgulas, soterradas
Sob os escombros desta poesia epilética

8 comentários:

Debora disse...

Olhos tristes que se desabrocham em lágrimas

boca roxa de vinho tinto à cama

saudade de alguma coisa que não se sabe quando

querer que a chuva desça sobre a pele como se o corpo fosse um prado

alegria ao ver a estrela messiânica

acreditar de vez em quando em amores românticos que durem
pelo menos dois para sempre

Coisas humanas, demasiadamente humanas

Anônimo disse...

Seja bem vinda....

Anônimo disse...

Vou catar teus cacos
reescrever teus rótulos
beber teu coquetel de asteriscos
sem diminuir teus arte-riscos
nem tua dose de verdade
remonto tua pele
e desenho nela
o nome de teu amado
com letra de bordado
cheio de pudores
pleno de pretextos
para renascer tuas vírgulas.

D. disse...
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D. disse...
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D. disse...

*Correção

Meus versos tem antecedentes terroristas.
Querem calar travessões. Colecionar [reféns].
Aliciar mentes para decretar um nova sentença: morte aos sujeitos sem orações. Meus verbos querem colorir em qualquer pessoa singular.Querem descarrilhar nas entrelinhas destas pautas invisíveis.Querem escrever torto por linhas imaginárias

Debora disse...

escreve versos travessos e travessões e ponto final
com palavras dita a tempo ou
fora do tempo do espaço
em curvas e reticências relativas
(como quem morre a cada poema)

Anônimo disse...

Pontos e vírgulas, reticências...
Reminicências de uma oração sem sujeito
nem sujeito oculto.
Sombras de uma letra bordada
no coração do poeta
com agulha de crochê.
Aquele verbo mal dito
em hora imprópria
calou minhas orações subordinadas.
Restam-me conjunções.
Não sei o que faço com elas:
se as como com sal e pimenta
se amo-as desenfreadamente.