8/14/2006

NADA

Nada existe
A não ser o próprio nada
Nada é real
A menos que seja nada
Somos todos náufragos
Morrendo por nada
O que me faz viver
Se nada tenho a oferecer
E se de você
Não sei realmente nada?
Insisto nesta balela
Porque sempre surge algo
De onde nada se espera

3 comentários:

Anônimo disse...

Do nada que se procura ao nada que se encaixa, nada de perde e nada de acha...

Belas palavras, somos o que não sabemos...
Mas é sempre bom lembrar que que um copo vazio está cheio de ar, como diria Chico.

1º Visita, achei seu link no Blogblogs.
Adorei suas palavras, voltarei para ler os outros post com mais calma.

Otima semana pra tu
:*

Paulo Cezar S. Ventura disse...

Enquanto escrevemos em cima de um nada
tudo re-acontece no espaço vago em torno de mim:
meu time perdeu (de novo)
minha mulher viajou (de novo)
meu coração disparou (de novo)
me encantei com os olhos da poeta (de novo)
minha mãe me sorriu (de novo)
minha filha me beijou (de novo)
meus olhos merejaram ao ver meu pai feliz (de novo)
sonhei com a deusa de trás da serra (de novo)
a rola-moça pegou fogo (de novo)
teus poemas me deixam em efervescência (de novo)
versos despontam como pedras atiradas pelos não pecadores (de novo).
Mas confesso - não consigo parar de pensar
que eu possa encher os vácuos da vida
com estas frases ligadas
estas conversas amarradas
como redes de pescador
em busca de uma bela anchova
ou (quem sabe?) de uma sereia.
Se eu não fosse Ulisses
me perderia nessa Odisséia.

Debora disse...

Nada a declarar
O nada nasceu em lugar nenhum
cresceu sem letras, sem vírgulas,
travessões e reticências

não tinha história
(onde o nada estava em 68?)

qual o seu nome?
tem cor?
desejo? o nada deseja nada?
nada amou e foi amado?
cheiro
sonhos
dinheiro - o nada preenche minha conta bancária
( ah, se o nada fosse tudo!!!!)

nada se matou
se atirou de um abismo
nada deixou para a família
ninguém foi ao enterro
(seu unico amigo)
mas muitas mulheres choraram

aqui jaz nada
nada foi pro inferno?
nada virou um fantasma
nada me assombra
as vezes o vejo pela janela, nas noites de insonia