8/30/2006
Autobahn
É que meu coração ama demais
Procura-se uma canção para ninar um coração assim
Uma canção que adormeça um coração eufórico
E não provoque sonhos convulsivos
Amo por demais
Em 220
A 180
A todo instante
Meu coração acredita em tempos paralelos e reforma agrária
E em tudo que justifique sua entrega voluntária
Que sina ter um coração assim
Que segue o destino e ama o retrovisor
Que deseja as curvas mas quer seguir reto
Que conhece as leis e me dirige embriagado
Um coração que ama ser acelerado.
8/28/2006
A la carte
Meu coração promete longa vida
aos sentimentos perecíveis
Este poema me consome
Este poema me consome
conforme as instruções do verso
Validade vencida
Rótulo desfeito
Lacre rompido
Ingredientes de um dejà vu
8/26/2006
Prendas
8/23/2006
Luis XV
Não sei quem você é
Nem o que você sente
Nem me interessa o amor-carente
Já tive o amor-objeto
Direto
Animado
De desejo
O amor-beijo
De língua
De flor
E traição
Procuro agora um amor-capacho
Que adore me ver por baixo
E goze sob a pressão do salto
Alto
Um amor-precipício
Condenado desde o início à poesia
Verso. Rima. Cadência.
Pó. Servidão. Obediência
E podofilia
Nem o que você sente
Nem me interessa o amor-carente
Já tive o amor-objeto
Direto
Animado
De desejo
O amor-beijo
De língua
De flor
E traição
Procuro agora um amor-capacho
Que adore me ver por baixo
E goze sob a pressão do salto
Alto
Um amor-precipício
Condenado desde o início à poesia
Verso. Rima. Cadência.
Pó. Servidão. Obediência
E podofilia
8/18/2006
Tipofagia
Já quis ser aranha.
Borboleta não.
Hoje, não fosse mulher,
Queria ser traça.
Traças moram entre palavras
Alimentam-se de letras
E têm aversão a registros
Salvo o registro de sua arte
A arte da traça caminha no livro
Seu caminho é hipertexto
Para ler livros co-escritos por traças
É preciso saber ler a ausência
E se deixar envolver pela conexão sucessiva de ausências sobrepostas
A traça se expressa pela fome
E a fome é sua licença para devorar o livro
Quem condenaria uma traça ao pé da letra?
Não fosse traça
Queria ser letra,
escolhida e devorada,
na melhor parte da estória.
Borboleta não.
Hoje, não fosse mulher,
Queria ser traça.
Traças moram entre palavras
Alimentam-se de letras
E têm aversão a registros
Salvo o registro de sua arte
A arte da traça caminha no livro
Seu caminho é hipertexto
Para ler livros co-escritos por traças
É preciso saber ler a ausência
E se deixar envolver pela conexão sucessiva de ausências sobrepostas
A traça se expressa pela fome
E a fome é sua licença para devorar o livro
Quem condenaria uma traça ao pé da letra?
Não fosse traça
Queria ser letra,
escolhida e devorada,
na melhor parte da estória.
8/17/2006
Metablog
Eler disse...
Sou poeta de versos emprestados
Tecidos com palavras usadas
Tenho um coração de segunda mão
9:55 PM
Urbano Lumière disse...
Meu coração é um tanto mais vagabundo,
encanta-se com olhos e versos todos eles usados
(os versos, não os olhos)
em muitas labutas retórica
sem muitas frases e pictogramas.
Quanto aos olhos, basta que olhem
algum ponto de meus infinitos.
10:04 PM
Débora disse...
meus versos são vagabundos e sem métrica
o meu coração já foi usado em labutas e amores mal resolvidos
guardo em silêncio alguns versos
e um beijo que ainda não foi dado
11:21 PM
Eler disse...
Assim desejo morrer, meus amigos:
Metralhada por todos os beijos que nunca foram dados.
12:25 AM
Sou poeta de versos emprestados
Tecidos com palavras usadas
Tenho um coração de segunda mão
9:55 PM
Urbano Lumière disse...
Meu coração é um tanto mais vagabundo,
encanta-se com olhos e versos todos eles usados
(os versos, não os olhos)
em muitas labutas retórica
sem muitas frases e pictogramas.
Quanto aos olhos, basta que olhem
algum ponto de meus infinitos.
10:04 PM
Débora disse...
meus versos são vagabundos e sem métrica
o meu coração já foi usado em labutas e amores mal resolvidos
guardo em silêncio alguns versos
e um beijo que ainda não foi dado
11:21 PM
Eler disse...
Assim desejo morrer, meus amigos:
Metralhada por todos os beijos que nunca foram dados.
12:25 AM
Versos interrompidos
Hoje teimei em não escrever.
Um verso prematuro brotou em mim.
Tentei queimá-lo como verruga, com ácido.
Sinto que vou parir um poema interrompido.
Outra cicatriz no pergaminho que sou.
Meus versos alimentam traças e infelizes.
Um verso prematuro brotou em mim.
Tentei queimá-lo como verruga, com ácido.
Sinto que vou parir um poema interrompido.
Outra cicatriz no pergaminho que sou.
Meus versos alimentam traças e infelizes.
8/14/2006
NADA
Nada existe
A não ser o próprio nada
Nada é real
A menos que seja nada
Somos todos náufragos
Morrendo por nada
O que me faz viver
Se nada tenho a oferecer
E se de você
Não sei realmente nada?
Insisto nesta balela
Porque sempre surge algo
De onde nada se espera
A não ser o próprio nada
Nada é real
A menos que seja nada
Somos todos náufragos
Morrendo por nada
O que me faz viver
Se nada tenho a oferecer
E se de você
Não sei realmente nada?
Insisto nesta balela
Porque sempre surge algo
De onde nada se espera
Aneurismas 2
Não é tudo que me seduz
O que me seduz é a entrelinha
O intervalo
A reticência
A ignorância da ciência
O soluço
A porta semi-aberta
Coágulos de amores não resolvidos
Cápsulas de medo e quase
Aneurismas de escolhas comodistas
Em nome de uma história politicamente correta
Disto tenho medo.
O que me seduz é a entrelinha
O intervalo
A reticência
A ignorância da ciência
O soluço
A porta semi-aberta
Coágulos de amores não resolvidos
Cápsulas de medo e quase
Aneurismas de escolhas comodistas
Em nome de uma história politicamente correta
Disto tenho medo.
8/13/2006
Catedral
Um dia o espelho me disse
És um vitral, menina.
Sorri colorindo as alturas.
Hoje percebi meu rosto escorrendo.
És um vitral, menina.
Sorri colorindo as alturas.
Hoje percebi meu rosto escorrendo.
8/11/2006
Pautas binárias
Versos terroristas
Tomem a oração principal
Ocultem o sujeito composto
Vomitem as aspas
A partir de agora os verbos colorem em qualquer pessoa
Descarrilham nas entrelinhas de pautas binárias
Conjugam torto por linhas imaginárias
Declaro que toda oração é protagonista de sua própria fé.
Tomem a oração principal
Ocultem o sujeito composto
Vomitem as aspas
A partir de agora os verbos colorem em qualquer pessoa
Descarrilham nas entrelinhas de pautas binárias
Conjugam torto por linhas imaginárias
Declaro que toda oração é protagonista de sua própria fé.
Queima de corações em estoque
- És sapo.
- Teu beijo me fará nobre.
- És trapo.
- Teu corpo me fará útil.
- És fútil!
- Por isso me desejas.
Sou supérfluo, descartável e inútil.
Sou amor à terceira vista
Míope. Estrábico. Daltônico
Sou o oposto do amor platônico
Corpo. Fome. Pernilongo
Diria que és o sonho de uma vida inteira
(Não fossem o despertador, a insônia e a arrumadeira)
Toma!
É todo seu meu coração liquidado
Peça de mostruário embalada com carinho.
Esqueça o Serasa.
Podes já levar pra casa
E matar de inveja o teu vizinho.
Lua cheia
Esta vida é texto de muitas entrelinhas.
Este poema é face de muitos versos.
Gostaria de encontrar meu pretérito mais que perfeito.
Repartir as orações sem sujeito entre os sujeitos sem predicados.
Será esta minha sina?
Ser palavra-prima que só rima consigo mesma?
Meu desejo é cair na boca do povo.
É deitar letra e acordar música.
É deitar gente e acordar estrela.
É ser lua-cheia de mim
E dizer siiiimmm ao lobo-mau.
8/02/2006
Vírgulas
Estou vencida
Prazo de validade e paciência
Cansei de ser cura
Poesia de bula
Literatura de banheiro
Meu reino por um travesseiro!
Vou despir a pele
Tatuar os rótulos
Prosecco. Veneno. Remédio
Qualquer coisa pra brindar o tédio
Qualquer coisa que me ponha em risco
Uma dose de verdade
Uma taça de saudade
Um coquetel de asterico
Vou me entregar ao texto
Sem pudor
Sem pretexto
Sem ética
Morram, vírgulas, soterradas
Sob os escombros desta poesia epilética
Prazo de validade e paciência
Cansei de ser cura
Poesia de bula
Literatura de banheiro
Meu reino por um travesseiro!
Vou despir a pele
Tatuar os rótulos
Prosecco. Veneno. Remédio
Qualquer coisa pra brindar o tédio
Qualquer coisa que me ponha em risco
Uma dose de verdade
Uma taça de saudade
Um coquetel de asterico
Vou me entregar ao texto
Sem pudor
Sem pretexto
Sem ética
Morram, vírgulas, soterradas
Sob os escombros desta poesia epilética
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