Destilado meu eu complexo
Doutro lado insana essência
Parte de mim é sexo.
Parte de mim é ciência
Num laboratório de versos químicos.
6/24/2006
6/21/2006
Clima
Dia nublado sujeito a versos.
Te aguardo com fome de palavras doces e abraços fortes.
Que recheio terás hoje à tarde?
Licor, cinismo, reticências, sorte...
Que importa?
Não estás no menu.
Não te servem a la carte.
Façamos um brinde:
Ao jejum involuntário
Às nuvens carregadas
E ao medo das intenções
Beberemos até chover em versos.
Choveremos até versar em duplos.
Que nenhum guarda-chuva nos prive das precipitações.
6/19/2006
Cafeína
Versos bárbaros
Versos bárbaros,
Invadam meu poema esta noite
Libertem os vocábulos obscenos
Degolem todas as palavras de família
E tirem as mordaças dos adjetivos devassos
Vamos conjugar o verbo no deleite mais que perfeito
E espalhar o terror no glossário pudico
Destruir o Templo das Orações sem Sujeito
Anexar os Vulcões da Lascívia ao território dos Amantes Mornos
Palavras virgens, entreguem-se aos transitivos
Línguas mortas, ressuscitem na boca do povo
Que todos vejam:
Arrombamos os parênteses.
O poder está despido.
O pudor está deposto.
6/17/2006
Beijo Paradoxo
Falo do beijo
Não do beijo fraterno
Nem do materno
Falo do beijo despido de vergonha - exibido
Possuído de desejos e instintos possessivos
Estalos em kiss maior
Não de beijos pingados (nos is e nos jotas)
Não do beijo ortodoxo
Falo do beijo paradoxo
Literal e plural
Com todas as letras dizendo coisas mutantes
Beijo lascivo, molhado, preciso
Beijo roubado de quem não quer se dar (da boca pra fora)
Falo do beijo que eu quero agora
Do beijo de graça
Do beijo da traça comendo o livro
Não do beijo anexo –
Consolo de quem seca à míngua
Falo do beijo que é sexo
Falo do beijo que é língua
Calando os pudores.
6/16/2006
Poema de cera
Vou casar palavras primas para criar versos surdos
Leia meus lábios, tu que tens o coração mudo
É preciso aprender a amar a febre
Apaixonar-se por palavras alaranjadas
Cultivar verbos defectivos que não saibam colorir em qualquer pessoa
Somente palavras sonâmbulas florescem delírios
É preciso beijar como frangélico
Calar a boca e envolver a língua
Dar-se por completo em cálices de licor
É preciso aprender o segredo das velas
Entregar-se às chamas, escorrer em cera e derreter-se em cor.
Uma bússola que só apontava para o oeste, um travesseiro de plumas e uma janela que se abria a cada manhã para uma nova realidade. Era tudo o que tinha.
O resto estava em sua mente: amores inacabados, palavras inseminadas e sabores latentes.
De mais nada sentia falta além de se entregar generosamente.
E se entregava ao pôr-do-sol, quando seus desejos amarelos amadureciam e ardiam em vermelho até a madrugada.
Uma metamorfose de cores, sentidos e asas.
Sim, asas que impediam seus pés de criar vínculos com o destino.
Aprendera a técnica dos gatos e deixava-se guiar pelas narinas.
Assim escolhia seus destinatários.
Mas um dia o sol não deixou a paleta.
Dois dias. Um mês. Um inverno em escala de cinza.
Fechou a janela e os olhos. Deitou seu travesseiro de plumas.
Agora faz poesias entregando-se aos desejos de seus amigos imaginários.
img gettyimages
O resto estava em sua mente: amores inacabados, palavras inseminadas e sabores latentes.
De mais nada sentia falta além de se entregar generosamente.
E se entregava ao pôr-do-sol, quando seus desejos amarelos amadureciam e ardiam em vermelho até a madrugada.
Uma metamorfose de cores, sentidos e asas.
Sim, asas que impediam seus pés de criar vínculos com o destino.
Aprendera a técnica dos gatos e deixava-se guiar pelas narinas.
Assim escolhia seus destinatários.
Mas um dia o sol não deixou a paleta.
Dois dias. Um mês. Um inverno em escala de cinza.
Fechou a janela e os olhos. Deitou seu travesseiro de plumas.
Agora faz poesias entregando-se aos desejos de seus amigos imaginários.
img gettyimages
6/15/2006
Versos tontos
Se bebo vinho faço versos alcoólicos
As palavras levitam - já não as alcanço
As rimas dançam em duplas
E a taça me inspira
A traça me inspira
A graça me inspira
E tudo giiiiira
Palavras navegam em meu sangue tinto
E tudo sinto
E tudo desejo
E tudo vejo aos pares de beijos
Se bebo vinho faço versos tontos
As palavras levitam - já não as alcanço
As rimas dançam em duplas
E a taça me inspira
A traça me inspira
A graça me inspira
E tudo giiiiira
Palavras navegam em meu sangue tinto
E tudo sinto
E tudo desejo
E tudo vejo aos pares de beijos
Se bebo vinho faço versos tontos
Rio de tudo. Rio fluente.
Deságuo em garrafas e imploro que me lancem ao mar.
Que náufrago beberá meus desejos?
img imagem Bank
6/14/2006
Antropofagia
6/11/2006
Admiro os amores de Chá.
Como não deliciar-se vendo dois sachês em plena infusão?
Aos poucos as cores diluindo-se na água quente.
Frutas, flores e folhas - aromatizando a sauna,
Entregando-se em essência e sabor
Os amores de chá são pontuais.
Acontecem todos os dias de outono, às cinco.
Admiro os amores de Capuccino.
Generosidades cremosas em canecas decoradas.
Para viver amores de capuccino existem muitas receitas, mas
canela, chocolate e espuma de leite são ingredientes essenciais para aquecer o coração.
Os amores de Capuccino são amores de verão no inverno.
Momentos sem noção de amanhã.
Amo os admiradores de Café
Pequenas xícaras concentradas de aroma e cor. Sonetos da gastronomia.
Castanhos avermelhados como amores verdadeiros,
os admiradores de Café amam intensamente, em dose única.
Estes amantes flertam com outros sabores: rum, baunilha, licores...
E sobre estes prevalece, perturbando os sentidos.
Mesmo moídos, excitam o coração e beijam a língua.
São amores com noção de paixão.
Acontecem a qualquer hora.
Como não deliciar-se vendo dois sachês em plena infusão?
Aos poucos as cores diluindo-se na água quente.
Frutas, flores e folhas - aromatizando a sauna,
Entregando-se em essência e sabor
Os amores de chá são pontuais.
Acontecem todos os dias de outono, às cinco.
Admiro os amores de Capuccino.
Generosidades cremosas em canecas decoradas.
Para viver amores de capuccino existem muitas receitas, mas
canela, chocolate e espuma de leite são ingredientes essenciais para aquecer o coração.
Os amores de Capuccino são amores de verão no inverno.
Momentos sem noção de amanhã.
Amo os admiradores de Café
Pequenas xícaras concentradas de aroma e cor. Sonetos da gastronomia.
Castanhos avermelhados como amores verdadeiros,
os admiradores de Café amam intensamente, em dose única.
Estes amantes flertam com outros sabores: rum, baunilha, licores...
E sobre estes prevalece, perturbando os sentidos.
Mesmo moídos, excitam o coração e beijam a língua.
São amores com noção de paixão.
Acontecem a qualquer hora.
6/03/2006
Gripe
Vou manipular um poema para curar enfermos
Um poema forte de efeitos imediatos
Recite em dose única para alcançar os hipocondríacos
Que não lacrimeje os olhos com falsa tristeza
- Antes a dor que a tristeza falsa
Um poema forte de efeitos imediatos
Recite em dose única para alcançar os hipocondríacos
Que não lacrimeje os olhos com falsa tristeza
- Antes a dor que a tristeza falsa
Que não arranhe a garganta com rimas pobres
Que seja raridade genérica ao alcance dos pobres
Mas que custe caro, a vocês, pobres de espírito -
Que seja raridade genérica ao alcance dos pobres
Mas que custe caro, a vocês, pobres de espírito -
seres de versos escorridos!
Alvo de bactérias e vírus,
recebam de peito aberto este poema-espirro:
ZZZZTCSH!!!
img: getty images
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