8/23/2006

Luis XV

Não sei quem você é
Nem o que você sente
Nem me interessa o amor-carente

Já tive o amor-objeto
Direto
Animado
De desejo

O amor-beijo
De língua
De flor
E traição

Procuro agora um amor-capacho
Que adore me ver por baixo
E goze sob a pressão do salto
Alto


Um amor-precipício
Condenado desde o início à poesia
Verso. Rima. Cadência.

. Servidão. Obediência
E podofilia

2 comentários:

Debora disse...

Luiz XV -
Não vou descer do meu salto agulha,
nem queimo mais meu sutian de renda
em praça pública
Sempre esqueço de pagar as contas e
deixo o arroz queimar
prefiro comprar comida japonesa

De manhã sou hai cai
De tarde paranasiana
De noite romântica
De madrugada moderna

Deitei sobre um altar de pedras
Joana D'arc suicida
Desci ao inferno e vi almas que agonizam em lagos de fogo
Ressuscitei ao terceiro dia
Ressurgindo das cinzas
Sou fênix

Imortal em palavras, sem rimas, sem noção
atemporais como a vida
dialogo com Deus
e dou bom dia ao Capeta

Paulo Cezar S. Ventura disse...

Reorganizei meus pelos
lavei-os com amaciante de roupas
só para ser um piso macio
para tuas sandálias
e teu salto alto.
Que deixem marcas profundas
quando sapatearem sobre mim
aquele jazz de New Orleans
ressurgida de sua katrina
com a dor dos furacões enraivecidos
chorando as perdas de seus violões
e cantos roucos das ruas.
Mas tua dança
sobre o amor-capacho
não será de raiva,
nem de vingança,
será de esperança.
Estando em baixo
(por baixo nunca estou)
vejo as curvas dos tornozelos
sob um fundo azul
vejo as estrelas e a lua
se noite for.