Já quis ser aranha.
Borboleta não.
Hoje, não fosse mulher,
Queria ser traça.
Traças moram entre palavras
Alimentam-se de letras
E têm aversão a registros
Salvo o registro de sua arte
A arte da traça caminha no livro
Seu caminho é hipertexto
Para ler livros co-escritos por traças
É preciso saber ler a ausência
E se deixar envolver pela conexão sucessiva de ausências sobrepostas
A traça se expressa pela fome
E a fome é sua licença para devorar o livro
Quem condenaria uma traça ao pé da letra?
Não fosse traça
Queria ser letra,
escolhida e devorada,
na melhor parte da estória.
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6 comentários:
Ow... Que maravilha queria eu morar entre as palavras, quem sabe me espalhar com as letras...
Gostei estilo próprio, do que esta ali mais não se vê sem provar ou passar pela sua arte.
Adorei.
Bom fim de semana pra tu.
:**
"O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que se lançou pela primeira vez um olhar inteligente sobre si próprio: as minhas primeiras pátrias foram os livros."
{Marguerite Yourcenar}
Que linda frase!
Eu nasci qdo meu pai me explicou o que significava "autoria".
Eu tinha 5 anos. Estava escrito na capa do livro dele: "Poesias de autoria de Adi Eler".
Que bacana =]
Então o dom está no sangue...
:***
Você é letra. Com caligrafia e forma de mulher. Traças somos nós, os devoradores de ficção. Como traça, adoro comer romances densos. Aqueles de sagas de famílias em várias gerações. Às vezes traço uma geração inteira.
D tentei tirar um pouco da poeira e está lá o resultado de uma mini faxina. Saudades de você, me animei com seu último post... O nome da minha traça é medo.
um beijo grande
Há uma traça faminta e arcaica devorando as palavras que tento escrever aqui.
Ela age mais ou menos assim - penso e antes que as palavras consigam escorrer pelos meus dedos e atingir o teclado ela vem e nhóc!
Sobraram as reticências do que eu tinha a escrever, reticências ao que me parece não lhe agrada o paladar, são pensamentos infindos registrados em apenas três pontos...
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