9/27/2006

Quero o teu maior segredo
O teu mais frio medo
Teus desesperos e desafinos
Dedilhe em mim tua canção inédita
Menino, eu canto.
Canto pra você não dormir.
Menino, eu canto.
Canto pra você dançar teus sonhos.
Canto pra você dispersar rebanhos.
Eu te canto, menino.

Cópia

Que todo pedido tenso
Seja atendido e pronto
Que todo desejo tinto
Seja bebido puro
Destilo palavras
Condenso devaneios
Busco a essência de ser e estar
Em um laboratório de versos
Em um cenário complexo
Em tua mente que ferve
Serei cópia de mim mesma?
Devo levar-me à mesa
Perguntar ao que me consome
Qual é mesmo o meu nome?
Viver, enfim, para que serve?



9/23/2006

Não quero escrever
Quero que tudo se apague
Versos. Velas. Olhares
Que só persista a rasura
O rabisco
O rough
O erro
O tropeço
A gafe
Esta poesia é rascunho de si mesma.


Quero ser mais do que cabe em mim
Quero alguém que me caiba
Da cabeça à cauda
Alguém que me consuma sem pressa
Sem vergonha. Segredo. Ou promessa.

Sou copo cheio implorando pela gota d'água.

9/22/2006

Encomenda










Dá-me um amor-destino
Que não seja resistente
Que não se contente com metades
Um amor-de-repente
Um amor-desatino
Um amor que sinta de verdade
Dor. Sangue. Gemidos
Um amor que queira ser penetrado
em todos os sentidos.

Ponto

Sou ponto em meio às reticências
Sou ponto só
E, só, quero ser e estar

Nao vou insinuar promessas
Explicar o que não interessa
Nem colorir as telas de Seurat

Tenho sede do fim
E de tudo o que venha após mim
Condeno ladainhas ao precipício

Meu medo é o mesmo

Minha fé é a morte
Meu desejo, o início.


Amor de ponta

Nasci alfinete.
Que sina.
Como se ama assim?
Quem ama fere, espeta, arranha?
Enterra-se até o fim?


Minha cabeça é o limite de minha entrega.

9/13/2006

Ode ao travesseiro

Hoje vou fazer um verso
Para não passar em branco

Para me passar a limpo

Estou desconfigurada
Sopa de letras sem nenhuma poesia
To me dando de colher

Vou evaporar
no banho
Vou condensar na cama
Me entregar por inteiro àquele que mais me ama

9/08/2006

Entrega de beijos a domicílio
Leio nuvens
Overdose
Vou ligar.

9/05/2006

Beijos

Hoje eu fiz tudo certo

Espanei conceitos
Varri loucuras
Penteiei minhas asas de poeta

Não pinguei os is
Não ditei as regras
Não escrevi torto por linhas certas

Não tostei o texto
Não lixei o verso
Não ensopei lamentos

Será que mereço?
Um beijo?


Este é meu desejo
Um beijo e anexos
Um beijo complexo
Um beijo e seus complementos.

9/03/2006

Braile


Este poema é um convite
Recite ao pé do ouvido
Daquele que te tem
Mas não te possui


Este poema é feito de confissões na escada
Ensaiadas
De declarações em guardanapos
Guardados
De beijos na boca
Perdidos no rosto

Este poema está na estrada
Pedindo carona
Correndo riscos
Passando frio
Só para chegar até você

Leia com as mãos

Gravidade


Quando vejo um olhar cadente

Mentalizo um desejo tinto

Amo o forte

Me excita o frágil

A gravidade do choque

A vocação do corte

Na eminência dos cacos

Este olhar é taça em queda livre