6/16/2006

Uma bússola que só apontava para o oeste, um travesseiro de plumas e uma janela que se abria a cada manhã para uma nova realidade. Era tudo o que tinha.
O resto estava em sua mente: amores inacabados, palavras inseminadas e sabores latentes.
De mais nada sentia falta além de se entregar generosamente.
E se entregava ao pôr-do-sol, quando seus desejos amarelos amadureciam e ardiam em vermelho até a madrugada.
Uma metamorfose de cores, sentidos e asas.
Sim, asas que impediam seus pés de criar vínculos com o destino.
Aprendera a técnica dos gatos e deixava-se guiar pelas narinas.
Assim escolhia seus destinatários.

Mas um dia o sol não deixou a paleta.
Dois dias. Um mês. Um inverno em escala de cinza.

Fechou a janela e os olhos. Deitou seu travesseiro de plumas.
Agora faz poesias entregando-se aos desejos de seus amigos imaginários.


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