7/05/2006


Grande exposição das fobias humanas

Nesta ala, embaixo da cama, o medo do bicho papão
E acima, sonhando acordado, o medo da solidão
À esquerda, tremendo de frio, o medo dos abraços falsos
E neste carro, no olhar desvio, o medo dos pés descalços

Aqui mesmo, ao meio dia, o medo da própria sombra
À meia noite, em anestesia, o medo da assombração

No subsolo, rastejando aflito, o medo das alturas
E à sete palmos, soterrado vivo, o medo da morte
Deste lado, de paixões atadas, o medo da loucura
E entregue, de mãos beijadas, o medo da própria sorte

Neste ambiente, à prova de rugas, o medo do tempo envelhece
E neste relógio, à prova do tempo, o medo de mudar permanece


Em cima do muro, bem-mal-me-quer, o medo da escolha
E no poder, decretando a censura, o medo dos pensamentos
Nesta mesa, abstêmio convicto, o medo do saca-rolhas
E, por fim, de coração invicto, o medo dos sentimentos

Quem não tem nada a temer que atire-se às torres.

Um comentário:

Debora disse...

Lindo!!!!