7/13/2006

Bobagens


Minhas bobagens, quando bem nutridas,
criam pernas em meus miolos de acém.
Tenho de arrancá-las feito ervas-daninhas
e
fazer chá de inconseqüência. Já tomou?
As bobagens que crescem em minha cabeça

são suicidas-sociopatas. Se as dou corda,
nunca sei se vão se enforcar. Ou se vão rodopiar
até o fim da música. São judas, isso sim.
Quem cultiva bobagens-judas colhe beijos-traíras.
Adoro beijos.
Há quem diga não conhecer, na literatura,

nenhuma bobagem que tenha morrido de viver.
Difícil encontrar bobagens verdadeiras hoje em dia.

A maioria é manufaturada na China. As sino-bobas.
Não se pode negar: uma bobagem que morre de viver é,
no mínimo, uma bobagem legítima.
Mas bobagem boa, boa mesmo, tem de ser feita a dois.

6 comentários:

Debora disse...

vou escrever sobre isso
;D

Anônimo disse...

rs....( muitos ) caríssima Eler o que mais existe aí dentro deste seu cerebro, cerebelo , belo ...

Anônimo disse...

piolhos caolhos?

Debora disse...

Cultivo, sem culpa, minhas bobagens
Florescem em alto e em bom tom
Em plena praça pública – Altissonante
filosofias inexatas
conversas indizíveis
amores telepáticos
aventuras errantes
teologia alterada

Bobagens, dancem desvairadas!!!!
Dancem e cantem , enlouquecidas!!!!!

Anônimo disse...

Benditapalavramaldita
Com esses piolhos caolhos, com esses miolos de acém, com essa língua solta, com esses versos tortos ...não precisa nada mesmo no seu cerebelo belo....( no seu e de Débora )

Paulo Cezar S. Ventura disse...

Bobagens faladas
soltam-se no vento
viram evento
notícias de jornal televiso.
Bobagens escritas
saem no segundo caderno
do jornal de domingo.
E as minhas bobagens?
Transformo-as em poesia
coloco-as num blog
metamorfoseam em bloesia
(ou seria bloguesia?)
Mas aquelas bobagens mais insanas
que não podem ser vistas
na sala de visitas
eu as engarrafo
enterro de noite num buraco de terra
e só me arrisco a desenterrá-las
depois de anos
quando provavelmente
se gaseificaram
e, quando abro a garrafa,
elas se evaporam como acas mau-cheirosas.